Texto para uma curta banda desenhada intitulada N’KASSA COBRA.
Mas, primeiro vamos rezar aqui um bocadinho.
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Caro Irmão,
Caro Irmão,
Nunca te levei a essa praiazinha não muito longe de Lisboa, onde havia o restaurante de que mais gostava na linha Lisboa-Cascais. Alguns filhos da puta (alguns vindos de Bruxelas, outros de Oeiras) deram cabo dele. Teria preferido que fosse uma magnífica onda vindo do mar, já que este lugar tinha os pés na água. Não foi bem assim e o Bar Aleixo já não existe ! Ainda tenho nas narinas o cheiro do peixe assado que o homem ia buscar à noite ao mar com a sua barca. Daqui observavas a imensidão e a boa gente que vinha descansar, tomar banhos de sol, pescar o sonhar com lugares longínquos. Deram cabo de tudo isso!
Podes imaginar um sítio nosso noutro lugar assim meu Caro ? Só precisávamos de uma mesa, algumas cadeiras para os amigos, uns caracóis e umas cervejas frescas, e logo os sonhos se deixavam ir ao sabor da corrente.
Pára de chorar Irmão. Pára de chorar pôrra ! Já não és um menino ! Tens toda a razão, isto que era um lugar fora de série ! Fui-me embora, bem longe. Não estou feliz, não. Mas isso já não importa.
Pagina 2.
Olha, procurei no Google maps a tua casa. Não tive sorte pá, não vi lá grande coisa, não te vi, nem a tua amada, mas vi umas cores cinzentas que deviam ser o telhado da tua casa. Que saudade meu! Quase ouvi o barulho duma manga madura a cair no zinco, BAM! Mas não vi os teus filhos saírem a correr da casa para procurar essa manga. Essa mangueira deve ser a maior que vi na minha vida. BAM! BAM! BAM! Que festa quando caem as ultimas mangas do ano ! Todos as querem. Mesmo aquelas que estão sempre verdes.
Noticias da minha tabanca ? “AMÉRICA ZERO” meu, isto é o titulo do filme. Não tenho nada para te contar. Aqui está tudo limpo e organizado. Brilhante ? Nem por isso. Não insistas ‘ta bom? Fica a saber simplesmente que por aqui não se come galinha à cafriela nem um bom prato de bianda, arroz com mafé!
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